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Solenidade Alusiva ao Dia do Soldado no Museu de Caxias

Publicado: Quinta, 24 de Agosto de 2017, 20h24 | Última atualização em Segunda, 28 de Agosto de 2017, 18h01 | Acessos: 520

          Rio de Janeiro (RJ) – A vida e os feitos do Patrono do Exército Brasileiro, o Duque de Caxias, foram rememorados em uma solenidade alusiva ao Dia do Soldado, realizada pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, no local de seu nascimento, em Taquaraçu, Fazenda São Paulo, atual município de Duque de Caxias.

          Em um momento vultuoso para o Exército Brasileiro, Município de Caxias e população local, reuniram-se na homenagem o General de Divisão André Luiz Novaes Miranda, Diretor de Educação Superior Militar, o General de Brigada Severino de Ramos Bento da Paixão, Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército; o Prefeito do Município de Duque de Caxias, Sr. Washington Reis de Oliveira; a Primeira Dama e Secretária de Cultura, Sra. Danielle Marques Correa Reis; o Presidente da Câmara Municipal de Duque de Caxias, Sr. Sandro Ribeiro Pedrosa, acompanhado de outros vereadores locais.

          Faz-se necessário destacar a presença de professores e alunos da rede municipal de ensino da cidade e Corpo de Voluntários de Bombeiros e Escoteiros. Todos irmanados no desejo de saudar o ilustre patrono brasileiro, modelo de conduta para todos.

Durante a formatura, foi lido um alusivo ao Duque de Caxias, que pode ser conferido na íntegra abaixo:

 

DUQUE DE CAXIAS – PATRONO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

          Anualmente, em todo território nacional, comemoramos, o natalício de Luís Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias – Patrono do Exército Brasileiro. São 214 anos de exemplo e referência para a Nação Brasileira.

          Ele nasceu em 25 de agosto de 1803, no Taquaraçu, fazenda São Paulo, na vila da Estrela (Capitania do Rio de Janeiro), hoje município de Duque de Caxias, onde nos encontramos agora. Era Filho do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e de Dona Maria Cândida de Oliveira Belo.

          Aos 15 anos de idade, foi declarado cadete do 1º Regimento de Infantaria de Linha. Frequentou a Escola Militar do Largo de São Francisco até 1821. Como oficial, foi o 1º portabandeira do Exército Imperial. Ao ser promovido ao posto de tenente, passou a integrar o “Batalhão do Imperador”.

         Seu batismo de fogo ocorreu em 1823, quando soldados portugueses, na Bahia, não aceitaram a Independência do Brasil. Pelos feitos, foi condecorado pelo imperador D. Pedro I com a Ordem Imperial do Cruzeiro.

         Sua bravura foi novamente comprovada na Campanha da Cisplatina, em 1825, voltando da operação no posto de major. Casou com Ana Luísa de Loreto Carneiro Viana, com a qual teve três filhos.

         No Maranhão, combateu a “Balaiada”, como tenente-coronel, e venceu os revoltosos na cidade de Caxias. Ao voltar à Corte, em 18 de julho de 1841, foi promovido a general e recebeu o título nobiliárquico de Barão de Caxias.

        Em 1842, nova revolta eclodiu, desta vez em São Paulo. O Barão de Caxias, nomeado comandante-em-chefe das forças armadas, desembarcou em Santos com 400 homens e seguiu para Sorocaba, principal foco da rebelião. Após vencer e perdoar os insurretos, partiu para Minas Gerais, onde surgira novo levante. Sabendo que os rebeldes se dirigiam para Ouro Preto, realizou uma marcha forçada de 11 dias para encontrá-los. Os revoltosos fugiram, mas foram derrotados por Caxias e seu irmão, coronel José Joaquim, na localidade de Santa Luzia.

         Faltava, ainda, vencer e pacificar os “Farrapos”, no Rio Grande do Sul. Após dois anos de combate, Caxias alcançou a vitória em 1845 e, em reconhecimento, os gaúchos o elegeram Senador daquela Província. Galgou no período os títulos de Visconde e Conde.

         Em 1851, com o apoio dos generais Urquiza, argentino, e Garzón, uruguaio, comandou as tropas brasileiras nos combates contra o governante argentino Rosas e o presidente uruguaio Oribe. No ano seguinte, vitorioso, regressou ao Rio de Janeiro já como Marquês. De 1855 a 1862, quando exerceu o cargo de Ministro da Guerra, dedicou-se a aprimorar o Exército. Regulamentou as promoções, reformulou o corpo de saúde, criou a justiça e as colônias militares, e construiu novos quartéis na fronteira, além de concluir sua principal obra: separar as funções operacionais militares (Estado Maior do Exército) das políticas (Ministério).

          No ano de 1865, eclodiu a guerra da Tríplice Aliança. Muitos brasileiros morreram na frente de combate e, mais uma vez, o Brasil buscou no bravo Caxias, já com 63 anos de idade, o caminho flanco e na Dezembrada, com a frase proferida na ponte de Itororó:"Sigam-me os que forem para a vitória, tornando-o comandante-em-chefe das operações. Ele se notabilizou nas operações de brasileiros!" Entrou vitoriosamente em Assunção a 5 de janeiro de 1869, e considerou a guerra encerrada. Com a saúde abalada, retorna ao Rio de Janeiro, em 23 de março de 1869, onde recebeu o título de “Duque”, fato inédito, pois foi o único concedido a um brasileiro.

          Em 1875, o Imperador o convocou para organizar o Gabinete da Guerra e assumir a presidência do Conselho de Ministros. Nosso valoroso patrono se consagrava como militar, como político e, sobretudo, como um virtuoso brasileiro!

          No dia 7 de maio de 1880. Caxias pressentiu que não chegaria aos 77 anos. Foi até a janela do seu quarto, na casa de sua filha, na fazenda Santa Mônica, no município de Vassouras-RJ, contemplou pela última vez o mundo que testemunhara sua vida, suas vitórias e sua glória. Expirou naquele mesmo dia.

          Foi este grande homem, militar e estadista, que, numa época em que a luta fratricida ameaçava dividir a nação continente, dedicou toda energia e inteligência, grandeza de alma, elevados sentimentos e a própria vida para, mais do que combater, pacificar diferentes “conflitos regionais”. Procurou unificar parcelas divergentes de uma soma populacional nacional eivada de discrepâncias e mútuos ressentimentos.

         Caxias não cabe nos limites da mortal e transitória nobreza de títulos que recebeu. Ele era muito mais. Era, sobretudo, nobre de espírito, um brasileiro de bondoso coração e uma mundialmente destacada liderança militar que, junto aos seus soldados, partilhava os sacrifícios do combate e comemorava as vitórias alcançadas. Sendo naturalmente tolerante e humildemente sábio, foi fraternalmente justo e perfeito. Antes de desembainhar a espada, buscava o entendimento pelo diálogo. Aceitava as diferenças e discutia os pensamentos contrários aos seus. Mas era suficientemente firme e ético para não transigir com a disciplina, não tolerar o desrespeito ou a agressiva valentia. Nobre, sim, na indulgência com os pequenos deslizes e na severidade com as grandes faltas.

        As virtudes que praticou ressaltam um caráter de cidadão honrado e benevolente, que prestigiava a dignidade do oponente, tratava com magnanimidade o vencido, com lhaneza o subordinado e com lealdade a todos.

         Em sua trajetória, foi excepcional general, proficiente administrador, de acatada autoridade na Presidência do Conselho de Ministros, ilibado Senador, íntegro cidadão e amoroso chefe de família. Simples, não se dava à ostentação. Equânime e prudente, nada rejeitou por temor.

          Em cada página que nossa história escreveu, Caxias é a força da espada. É a permanente vontade da população brasileira, que respalda, dá sustentabilidade e integralidade ao exercício do poder. Assim, o Exército democraticamente representa, em todos os estratos, essa gente determinada e orgulhosa de expressiva miscigenação que confere grandeza a sua universalidade. Gente como a gente, de uma sociedade única que, sob as bênçãos do Cruzeiro do Sul, com ardor patriótico, coragem, criatividade, fé e ordem, anseia, trabalha e luta, pela paz.

          Senhoras e senhores! Este é o Duque de Caxias, patrono desta nossa escola de civismo e educação. Em todas as contendas que participou, viveu e combateu com o coração livre de ódio e ponderado na justiça. E o Exército, ao vivenciar, em qualquer tempo, os expressivos ensinamentos, torna-se bravo, heróico, capaz, vitorioso e solidário. Assim procederam os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), há mais de 72 anos nos campos da Itália. Igualmente o fizeram os que ajudaram pacificar inúmeras insurreições internas. Assim fizeram e fazem os atuais integrantes das Forças Internacionais de Paz, presenças amigas e respeitadas da Espada de Caxias em todo o mundo. Assim, também, atuam os profissionais das armas de hoje quando colaboram na garantia da lei e da ordem, cooperam, com a “mão amiga” no socorro a grandes desastres ou crises de diversas naturezas. Ainda, na guarda e manutenção da integridade nacional, nas vastas fronteiras e nas imensidões amazônicas. Finalmente, na árdua labuta das construções de infraestrutura, tão necessária ao desenvolvimento nacional.

          Oh Duque de Caxias! É imortal sua presença.

          Aqui neste sítio histórico, o seu berço, hoje lhe rendemos esta singela homenagem pelos seus 214 anos, a fim de que sua memória, seus feitos e suas glórias sirvam de referência a todos nós!

Escrito por

Cláudio Skora Rosty, Cel R1

Oficial do Exército Brasileiro- Historiador Militar da Seção de Pesquisa Histórica do Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército (CEPHiMEx) da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx).

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